domingo, 26 de junho de 2011

Je t'aime




Ela acredita que sempre sonhou, mas nunca conseguiu se lembrar de todos. Alguns, de tão bons ou tão desgraçadamente feios, ela mal se lembra. Mas um, em especial, ela pede aos anjos todas as noites. Às vezes consegue, muitas não. Hoje, ela conseguiu. Pediu com tanta esperança e tanta vontade que foi atendida pelos céus.

Sonhou que andava pelo lugar mais lindo do mundo. Vestida com seu casaco vermelho que lembra muito o do Pequeno Príncipe de Saint-Exupèry, uma echarpe cobria seu colo branquinho e seu pescoço perfumado. O dia estava se pondo e ela pode ver as nuances de sua estrutura. Sua imensidão arrepiou-lhe os pelos de seu corpo mignon. Os últimos raios de luz atravessavam o emaranhado de ferros formando no chão sombras tão belas quanto sua forma.


Estava sozinha, mas feliz, e pensou então que gostaria que algumas pessoas estivessem ali com ela, compartilhando esse momento especial. Algumas que estavam longe mas presentes, outras que já tinham partido... Os pensamentos cessaram e percebeu então que estava ali há muito.


O dia passou e o sol começa a se esconder no horizonte. As luzes começaram a se acender. De repente, toda sua imensidão estava completamente iluminada. Piscavam como se tomassem vida. Ela então, sentou-se num banco próximo e apreciou a imagem como se nada mais nesse mundo fosse tão belamente construído. Encarava a imagem gravando, pedaço por pedaço, em sua mente.


Fitou-a por horas até sentir o frio em sua espinha congelar-lhe a alma. E só então, após gravar a imagem na memória, após sorrir como uma criança quando recebe o brinquedo que tanto pediu, após deixar rolar uma lágrima no canto dos olhos de tanta euforia e felicidade, é que seguiu em frente. Caminhou por baixo dela, despedindo-se com o coração eufórico e, ao mesmo tempo, imaginando se a veria de novo.


A garganta fechou. Coração disparado. Agradeceu aos céus a oportunidade de conhecer a obra de arte que o homem construiu ao céu aberto. Firmou o pensamento e continuou a caminhar. Despediu-se e pensou que seria melhor não olhar para trás, para ter a certeza que lembraria daquele momento pra sempre. Mas não conseguiu. Continuou seu caminho olhando fixamente para a torre na certeza que estaria ali outra vez. Sozinha ou acompanhada...

quinta-feira, 16 de junho de 2011

16 de junho

Mãezinha, hoje, especialmente hoje, não quero bancar a filha difícil, quero apenas dizer o que deveria dizer o ano todo: amo você!

Hoje, mais que qualquer outro dia, quero agradecer por todo o seu apoio, amor, paciência e sabedoria, todos os puxões de orelha, todo o carinho e principalmente a amizade que recebo de você. Você é a base de minha vida, a força que me faz seguir em frente.

Sei que às vezes (leia-se sempre) sou a filha difícil, a desgarrada, mas mesmo longe, estou presente. Sinto falta do seu colo, dos seus carinhos, das suas palavras de incentivo e amor.

É por isso e muito mais que eu desejo que seu aniversário seja MARAVILHOSO e que você possa não apenas hoje, mas sempre, realizar todos os seus desejos. Sei que estes 72 anos foram repletos de alegrias e por isso desejo que os próximos sejam ainda melhores!

Sei que este momento jamais poderá ser resumido com simples palavras, pois tenho a oportunidade de conviver com uma mulher incrível que desperta em mim qualidades que às vezes desconheço ter, que me faz acreditar que o melhor ainda está por vir e me faz acreditar nesse futuro, com os pés bem firmes no presente.

Obrigada por tudo! Amo demais... feliz aniversário!

Questões

Estou tão cansada de lutar.
Estou cansada de ir de lá pra cá, sem rumo, sem lugar certo pra ficar.
Estou muito decepcionada comigo e com a profissão que escolhi...

Sinto que estou desperdiçando meu tempo e minhas forças insistindo em algo que parece não que não é para dar certo.

Me sinto cansada, angustiada, desiludida. Não recebo sequer respostas sobre os e-mais enviados.

Should I give up or should I just keep chasing pavements? Fico pensando nisso o tempo todo. Continuo insistindo? Devo parar e voltar minhas forças para algo diferente? Por que essa profissão me atrai e ao mesmo tempo me coloca pra baixo?

Por que insisto? Por que?

Não penso na fome que mata milhares, não penso na guerra santa, não penso na política externa, não penso na prisão tardia do Edmundo, não... apenas penso que preciso urgente sair dessa antes que pire a cabeça e seja internada de vez no Vera Cruz. Alguma sugestão???

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Inexplicavelmente

Percebi como tudo no inverno é mais intenso, mais difícil, mais dolorido, mais dramático, mais triste. É tudo over!

O inverno, que por sinal, ainda nem começou me faz ser uma pessoa insuportável. Eu não consigo conviver comigo. Me sinto triste, cinza, fria. Ah, Deus como é difícil enfrentar o inverno by myself...

No inverno, o tempo passa mais devagar. Tudo incomoda. Eu fico sem ritmo, descompassada. Quero tudo e quero nada ao mesmo tempo. A distância incomoda. Os sorrisos são forçados.

Nessa época, sinto saudades de tudo e de todos. As memórias pipocam o tempo todo na minha mente. Sinto falta dos amigos que nunca mais vi e da época que tudo era maius fácil ao lado deles. Sinto saudades de um futuro que imagino mas que tenho certeza que não será como eu gostaria. Sinto imensa saudades daquele aperto no peito ao lembrar de alguém que conheci e daquele frenesi de saber que alguém vai chegar...

Sinto saudades do meu primeiro amor, do segundo, do terceiro e do último e, inexplicavelmente, daqueles que ainda terei...

As saudades que tenho são também, acredito eu, de uma vida já vivida, pois carrego na alma uma ânsia de fazer, uma ânsia de ser, uma ânsia de amar e sou incapaz de dizer de onde ela vem.

"Sofremos muito com o pouco que nos falta e gozamos pouco o muito que temos", dizia Shakespeare. Saudades é um sofrer constante. E aumenta conforme o frio chega. Repentina, na madrugada, me pego sonhando com algo ou alguém que não sei. Será que ela se manifesta mesmo minha alma tendo se recolhido? Não tenho descanso nem mesmo ao dormir?

Durante os meus dias, procuro me ocupar de coisas novas, diferentes, inusitadas. Procuro conhecer pessoas. Procuro por algo que não sei direito o que é. Algumas coisas me preenchem, outras eu passo, ignoro. Mas tudo isso só faz aumentar as saudades porque é muito pouco! E, parafraseando Charles Baudelaire, para mim, aos olhos da saudade como o mundo é pequeno!!

terça-feira, 7 de junho de 2011

Me conjugue



Procurei uma imagem que pudesse me descrever.

Apesar de escrever e escrever, sinto que não contei ainda tudo sobre mim. E por mais que tente, nesse momento, nenhuma palavra, nenhum gesto me satisfaz, me nomeia, me inspira.

Queria poder me reinventar todas as manhãs, ser alguém diferente. Realizar sem medo. Sem culpa.

Às vezes fico um pouco melancólica, mas é que o dia cinza e as noites frias me fazem ficar assim. Sou meio esquisita mesmo. O tempo e as pessoas têm uma influência muito grande sobre mim. Mas minha inconstância é passageira, assim como as luas. Charme de mulherzinha... você entende - e gosta -não é mesmo?

Meu conteúdo é misterioso. Nem mesmo eu sei o que se passa dentro de mim. Mas me diga, caro leitor, que pessoa em sã consciência diria saber o que se passa na cabecinha de uma mulher? Confesso: nem mesmo nós sabemos... Nascemos para ser amadas e não compreendidas. Portanto, não perca seu tempo. Ame-nos! Incondicionalmente.

Eu sinto um medo excitante em pensar que alguém pode me decifrar. E se assim o fizer, estarei eternamente aos seus pés. Mas, por enquanto, nem eu sou dona de mim... Neste blog há um pouco de mim e um tudo de meu mundo.

Mundo este que insisto em reinar soberana, absoluta. Dona única e exclusivamente de minhas vontades. Não me deixo domesticar. Medo? Ou mentira?

Às vezes me desespero, perdida no tempo e no espaço. Perdida em meus pensamentos. Perdida nas vontades absurdas que tenho... Ah cabecinha que não para um minuto de pensar. No que poderia acontecer, no que poderia ter acontecido, nos dias a contar no calendário...

Dias passam e os pensamentos correm soltos. Sinal de perigo. Fácil momento para me decifrar. Sou um verbo. Quer saber? Me conjugue...







Insolente

E cá estou, sem um pinguinho de sono. Revirando os sites em busca de inspiração. Mas para quê, penso eu... Minha vida já é plena de inspiração.

Talvez nunca tivesse percebido pois vivia olhando pra baixo, admirando meus sapatos de grife, mas nunca acreditava quando me diziam que era o centro das atenções. Eu? Justo eu que tenho um metro e meio (um pouco mais vai...), sem peito e desprovida de bunda, branca feito uma folha de papel? Que tenho eu pra oferecer??

Tenho um monte de amigas que pensam assim (como eu pensava) e nem descobriram o quanto são belas, fortes, sexy. Se fazem de duronas para enfrentar o mundo lá fora e afastam seus homens com uma tacada só. Certo estava Machado de Assis quando disse que as melhores mulheres pertencem aos homens mais atrevidos.

Difícil ser forte e mulherzinha ao mesmo tempo. Eu fico treinando aqui em casa. Me sinto insolente, me pego pensando em maldadezinhas, só pra sentir prazer.

Agora, sou boazinha quando quero. Obedeço às vezes. Exijo sempre. Inspiração não me falta...

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Do lado negro da força

Sigo em ritmo de trator, passando por cima dos meus medos e das minhas angústias. De dia, atropelo tudo. À noite, reflito. Penso tanto que meu pobre travesseiro foge de mim, das minhas lágrimas.


Apesar dessa agitação toda, estou me cansando dessa vida de nômade. Leva malas pra lá, traz malas prá cá... Sem pouso, sem parada, vou seguindo, me atropelando às vezes e atropelando outras pessoas, não por maldade...


Sinto que preciso de um lugar. Preciso de tranquilidade, mas não consigo me ater a isso. Minha ansiedade me faz querer mais, me faz fazer mais do que o necessário. E à noite, o corpo cansado nem consegue dormir. Sonho muitas vezes com a mesma pessoa, coisa que nunca me aconteceu antes. Às vezes reconheço o rosto, outras não. Alguns são pesadelos. Mas a maioria das noites, eu passo acordada tentando achar uma explicação, uma saída, uma solução.


O que me deixa menos frustrada é saber que tenho amigas na mesma situação. Não sou a única a estar do lado negro da força.


Porém, me questiono se pensar mais em mim e nas minhas vontades me torna uma pessoa mais egoísta e com a grelha mais próxima das labaredas do inferno. Eu juro que tentei melhorar. Eu juro que tentei parar com meus vícios e de adquirir outros. Vou continuar me atropelando porque quero experiências. Como disse um amigo, prefiro errar tentando. Vou engolir o choro, enxugar as lágrimas e seguir meu ritmo. O problema vai ser acalmar minha consciência...


Com licença, vou ali focar e já volto...