segunda-feira, 26 de julho de 2010

Comendo, rezando e amando


Putz, julho já está no fim e este mês não deu para fazer quase nada, tamanha a ansiedade em que vivi.
Mas fico feliz em saber que terminei mais um livro. Li, no início com ressalvas, "Comer, rezar, amar," de Elizabet Gilbert, depois para matar a curiosidade para saber por que virou best seller e depois, para saber o que poderia absorver daquela experiência extrema.
Bom, pra começar, a autora, à época, tinha minha idade. 35. E vivia as mesmas frustrações com sua vida pessoal que eu vivo hoje. Claro que a diferença é que o casamento foi o motivo do descontentamento consigo mesma. No meu caso, a solteirice.
Voltando ao mês, este foi o ápice de minha loucura (detectada medicamente falando). Fiquei tãaaaaaaaaaao nervosa com meu desempenho no trabalho, que estava quase subindo pelas paredes. Resultado: crise brava de rinite, ansiedade, palpitações, dificuldade para dormir, crises de choro e alergias. Além disso, ficava pensando o tempo todo se valia a pena passar por tudo, se eu não me joguei de cabeça sem avaliar as consequências e uma vontade enorme de desistir e voltar pra casa.
Resolvi marcar uma consulta com meu homeopata. Contei tudo! Ele analisou e chegou à mesma conclusão de antes: tudo isso é doença. Estou doente da cabeça, ou melhor da mente. Minha mente é tãaaaaaao fértil e intensa que imagino zilhões de coisas e penso em zilhões de coisas ao mesmo tempo e daí, fica difícil discenir o que está certo ou errado para mim. Bom, daí pra frente, a coisa só piora. O importante é que já tomei remedinho com potência alta, beeem alta. E no mesmo dia já me senti melhor.
Hoje estou mais calma. Mas de vez em quando ainda me vem uns flashs, começo a pensar besteira, a roer as unhas e então, me acalmo novamente. Acho que preciso de uma nova dose só para completar o serviço!
Durante esse processo, estava lendo o tal livro. Tem umas passagens muito boas e uns mantras que poderia usar no dia a dia, se eu meditasse. Mas além disso, a experiência de Elizabeth na procura por Deus, na procura do prazer e da divindade me fez pensar muito. Estou no mesmo processo, procurando Deus. Mas acho que todos já sabem onde Ele está. O que preciso agora é focar mais nesse relacionamento. Os pensamentos positivos que tenho enviado ao Universo talvez possam me ajudar algum dia. Estou depositando-os em algum arquivo universal para quando precisar - ou pra quando o remédio não fizer efeito!
Preciso ter fé que tudo vai dar certo, senão qual o propósito disso tudo? Brinco que caí de paraquedas na revista, mas acredito que não foi uma brincadeira do destino. Assim como me senti tocada pelos sofrimentos que a autora passou e conseguiu suportar tudo, mudando o que havia de errado dentro dela, da cabeça e do coração dela, acredito piamente que assim acontecerá comigo. "Isso também passa".
Enquanto tento colocar meus pensamentos em ordem, em alinhamento com o Universo e comigo, continuarei comendo (chocolate), rezando (à Deus, da minha forma, para conseguir fazer meu trabalho da melhor maneira possível porque meditar é coisa impossível de realizar quando se tem uma mente louca) e amando (a homeopatia, santa homeopatia!) por equanto...


quinta-feira, 1 de julho de 2010

A (des-)arte de conquistar - 2

Ainda sobre o assunto, quero acrescentar que meu fracasso social também se dá em outras esferas.
A sociedade - nem preciso dizer como ela é, pois todos nós sentimos na pele as dificuldades e estresses diários - nos obriga a "rebolar conforme a música". E quando isso não acontece, há a exclusão. Meu primo - que nasceu aqui - me disse como esta selva de pedra pode ser extremamente madrasta até mesmo com seus filhos. As coisas por aqui acontecem em outro tempo, em outra realidade, bem diferente daquela que somos acostumados no interior, onde é hábito dizer "bom dia" se não por educação, que seja por delicadeza. O nível de intimidade na cidade grande é quase zero. No trabalho, a situação é a mesma. É cada um por si. Faça o seu que eu faço o meu.
Eu, que sempre usei as "palavras mágicas" (bom dia, por favor, com licença, obrigada) e que acredito que educação vem de berço, fico assustada com o desprendimento das pessoas. A desculpa é sempre o corre-corre diário, a ansiedade de se fazer tudo pra ontem. Não custa nada usar as palavras a seu favor. Pelo contrário! Você está desejando que a pessoa tenha um bom dia, um dia agradável, com coisas boas acontecendo. E quando há a recíproca, tudo de bom que você desejou naquelas simples duas palavrinhas, volta em dobro pra você. O dia fica tão mais leve!
Mas na cidade grande, as pessoas esqueceram o quanto é importante o relacionamento humano. O contacto com o outro é menosprezado por falta de tempo. Às vezes, por falta de educação mesmo... As relações interpessoais foram diminuídas, isoladas às páginas de relacionamento da internet.
Entretanto, essa manifestação (anti)cultural paulistana se dá há anos e anos e não é culpa da net, mas agravou-se com ela. A exigência de ser produtivo levou as pessoas à relacionar-se superficialmente. Mal se falam no trabalho - mesmo que dividam a mesma estação de trabalho -, mal conhecem seus vizinhos e mantém um círculo de amizades restrito, sem aberturas. E quando se vêem numa situação diferente, se sentem perdidos: lembro de uns amigos de São Paulo que foram passar as férias de julho no interior. Em casa, eles se sentiram completamente constrangidos pela maneira como tratamos os outros (lembre-se: gentileza gera gentileza), especialmente minha família. E quando perguntei à minha mãe se podia tomar banho (hábito que temos até hoje), foi o fim do mundo para eles!
É por isso que me sinto tão perdida por aqui. É exatamente por isso que me sinto sozinha e morro de saudades dos meus amigos do interior. Fazer amigos lá é uma coisa natural. Não precisamos nos esforçarmos para sermos agradáveis. É por isso que, para mim, Sampa ainda continua um lugar cinza.