terça-feira, 24 de março de 2009

Diário de Patríciah - parte 13 - Freak and Maniac

Fiquei pensando num tema para este post...
E, o que seria senão a proximidade de meu aniversário?
Sempre me disseram que quatro meses antes, a gente passa pelo inferno astral. Eu digo: há quatro anos esse ciclo me persegue. Desde que terminei um noivado completamente torto venho passando por momentos punks. Mas sempre consegui me reerguer. Os tombos foram vários mas me fortaleci a cada queda. Me permiti até sair da minha concha para iniciar um novo relacionamento.
Fiz listas, fiz planos, saí, me diverti, arranjei tempo, me dediquei à você, dediquei um tempo à mim, mas percebi que ainda estou só.
Hoje estou bem. Estou feliz, lutando para conseguir realizar meus desejos. Afinal, ninguém é feliz o tempo todo... infelizmente.
E, com a chegada do aniversário eu fico mais sensível. Nunca gostei de fazer aniversário. Que graça tem em ficar mais velho?? As marcas pelo corpo vão aparecendo. As dores aparecem em lugares do corpo que você nem sabia que existiam. A força e a vitalidade não são mais as mesmas. A celulite vai tomando conta! E emagrecer fica cada vez mais difícil...Seu corpo e sua mente já não te obedecem mais. E os elogios diminuem...
É... a vida é cruel com todos. Ainda bem que isso acontece com todos! rs. Mas a gente só nota em nós mesmos. E os defeitos são maiores em nós. Nunca estamos contente com o que temos. E melhorar aquilo que não está bom não basta. Ainda mais depois dos trinta quando o metabolismo começa a desacelar - maneira muito gentil de dizer que aqueles dois - somente dois! - quilinhos ficam praticamente impossíveis de se perder mesmo se matando de fazer abdominais. Ah, gravidade cruel!
Além disso, eu olho pra trás e percebo que não tive tempo de realizar meus sonhos antigos. Que eu vou me agarrando às oportunidades que vão surgindo e que não há uma estabilidade. Sinto-me perdida...sem apoio.
Sigo tentando resolver os problemas sozinha. E de uns tempos pra cá me sinto realmente sozinha. Às vezes fico com uma vontade enorme de desabafar com os amigos, mas me calo e lembro que os problemas são meus e que eu não tenho o direito de chatear as pessoas...
Ufa! É difícil. Será que depois dos 30 a gente enloucresce? Será que um dia saberei o que realmente quero da vida? Será que depois dos 30 a gente encontra a tal loba que vive em nós??? Será que já está na hora de um botox para dar um up na aparência?
Fico observando as pessoas da minha idade e chego à conclusão que metade está descontente com a vida que levam e a outra metade ainda não sabe onde quer chegar.
Observo também as mais novas e vejo que os problemas são tão diferentes dos meus...
Maitê Proença disse em seu livro:
"… desconfio dessas moças de trinta e quarenta que, lindas, dizem agora sim ter atingindo o ápice de não sei o quê, e que estão muito bem sozinhas porque, donas de seus narizes, podem se dar totalmente ao trabalho e aos prazeres da vida. Mentira. Elas tomam remédios para dormir e choram frustradas, sem entender por que, com tudo em cima, não conseguem um parceiro para encher de beijos e dizer “te amo”…."
Tudo bem. Concordo em partes com a citação acima. Me sinto melhor com relação ao meu corpo - apesar da celulite - do que quando eu tinha 20 anos. Me sinto mais sexy. Aperfeiçoei muitas coisas. Meu bom gosto pelo belo e caro, por exemplo. Sempre digo que eu tenho bom gosto - para namorados, roupas, sapatos, bolsas, etc, mas não tenho dinheiro...ao contrário da maioria das mulheres que têm dinheiro e não possuem bom gosto.
Não atingi ápice nenhum. E não me sinto bem sozinha. Ainda não preciso de remédios para dormir, mesmo porque tenho um método que é infalível: dormir de conchinha! E quando acontece...ah, como é bom! Quanto ao choro, deixa pra lá...
As mulheres de 30
(Mário Prata)
O que mais as espanta é que, de repente, elas percebem que já são balzaquianas. Mas poucas balzacas leram A Mulher de Trinta, de Honoré de Balzac, escrito há mais de 150 anos. Olhe o que ele diz: 'Uma mulher de trinta anos tem atrativos irresistíveis. A mulher jovem tem muitas ilusões, muita inexperiência. Uma nos instrui, a outra quer tudo aprender e acredita ter dito tudo despindo o vestido. (...) Entre elas duas há a distância incomensurável que vai do previsto ao imprevisto, da força à fraqueza. A mulher de trinta anos satisfaz tudo, e a jovem, sob pena de não sê-lo, nada pode satisfazer'.
Madame Bovary, outra francesa trintona, era tão maravilhosa que seu criador chegou a dizer diante dos tribunais: 'Madame Bovary c'est moi'.
E a Marilyn Monroe, que fez tudo aquilo entre 30 e 40?
Mas voltemos a nossa mulher de 30, a brasileira-tropicana, aquela que podemos encontrar na frente das escolas pegando os filhos ou num balcão de bar bebendo um chope sozinha. Sim, a mulher de 30 bebe. A mulher de 30 é morena. Quando resolve fazer a besteira de tingir os cabelos de amarelo-hebe passa, automaticamente, a ter 40.
E o que mais encanta nas de 30 é que parece que nunca vão perder aquele jeitinho que trouxeram dos 20. Mas, para isso, como elas se preocupam com a barriguinha! A mulher de 30 está para se separar. Ou já se separou. São raras as mulheres que passam por esta faixa sem terminar um casamento. Em compensação, ainda antes dos 40 elas arrumam o segundo e definitivo. A grande maioria tem dois filhos. Geralmente um casal.
As que ainda não tiveram filhos se tornam um perigo, quando estão ali pelos 35. Periga pegarem o primeiro quarentão que encontrarem pela frente. Elas querem casar.
Elas talvez não saibam, mas são as mais bonitas das mulheres. Acho até que a idade mínima para concurso de miss deveria ser 30 anos.
Desfilam como gazelas, embora eu nunca tenha visto uma (gazela). Sorriem e nos olham com uns olhos claros. Já notou que elas têm olhos claros? E as que usam uns cabelos longos e ondulados e ficam a todo momento jogando as melenas para trás? É de matar.
O problema com esta faixa de idade é achar uma que não esteja terminando alguma tese ou TCC. E eu pergunto: existe algo mais excitante do que uma médica de 32 anos, toda de branco, com o estetoscópio balançando no decote de seu jaleco diante daqueles hirtos seios? E mulher de 30 guiando jipe? Covardia.
A mulher de 30 ainda não fez plástica. Não precisa. Está com tudo em cima. Ela, ao contrário das de 20, nunca ficou. Quando resolve, vai pra valer. Faz sexo como se fosse a última vez. A mulher de 30 morde, grita, sua como ninguém. Não finge. Mata o homem, tenha ele 20 ou 50.
E o hálito, então? É fresco. E os pelinhos nas costas, lá pra baixo, que mais parecem pele de pêssego, como diria o Machado se referindo a Helena, que, infelizmente, nunca chegou aos 30.
Mas o que mais me encanta nas mulheres de 30 é a independência. Moram sozinhas e suas casas têm ainda um frescor das de 20 e a maturidade das de 40.
Adoram flores e um cachorrinho pequeno. Curtem janelas abertas. Elas sabem escolher um travesseiro. E amam quem querem, à hora que querem e onde querem. E o mais importante: do jeito que desejam. São fortes as mulheres de 30. E não têm pressa pra nada. Sabem aonde vão chegar. E sempre chegam. Chegam lá atrás, no Balzac: 'A mulher de 30 anos satisfaz tudo'. Ponto. Pra elas.
E termino este post sobre meu aniversário com um único desejo: um buquê de gérberas vermelhas acompanhado de você...

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