quarta-feira, 1 de julho de 2009

Meu manifesto: não jogarei meu diploma no lixo!


Fico muito feliz em saber que poucos jornalistas se interessaram pelo movimento. Antes poucos que nenhum!
Acredito que, se a situação já era bastante complicada para encontrar vagas na área de jornalismo com a obrigatoridade do diploma e sem um estágio sequer, agora então com essa "desobrigação" que tem como único objetivo calar a voz daqueles que denunciam e mostram as barbaridades cometidas no Senado, no Congresso e em qualquer outro lugar, está ainda mais difícil encontrar tempo para compartilhar com vocês nossa indignação.
Eu, por exemplo. Sou Relações Públicas formada há 14 anos e Jornalista formada há 6 meses. Tenho pelo menos 10 anos de experiência em jornal impresso, 14 anos de experiência em radiojornalismo, sou assessora de imprensa há 3 anos e 6 meses, mas não consigo sequer uma entrevista de emprego em Sorocaba. Para me manter, dou aulas de inglês todos os dias até as 22 horas. Portanto, não acredito que tenha falado parajogar meu diploma no lixo, porque investi dinheiro que não tinha e tempo para obter o conhecimento que só a faculdade poderia oferecer. Apesar de não poder participar do movimento, estou acompanhando todos os passos da comissão e leio todos os dias as opiniões de meus companheiros de profissão na rede Jornalistas da Web (jornalistasdaweb@yahoogroups.com) e os manifestos de jornalistas renomados como o Radialista e jornalista, o deputado Alencar da Silveira que argumenta que a exigência do diploma nos órgãos públicos é uma maneira de zelar pela qualidade da informação diante do fim da exigência do diploma, como o do corpo docente da Famecos (Faculdade de Comunicação Social da PUC-RS) que lançou um manifesto se posicionando perante a sociedade em relação ao diploma de jornalismo, e também como o do presidente da FENAJ, Sérgio Murillo, que se colocou totalmente contra o ato da desobrigação.
Enfim, mesmo atuando como professora de inglês, ainda sou jornalista não por opção, mas de coração. Foi essa a carreira que escolhi para sempre. E se um dia me perguntarem por que fiz essa escolha, direi: porque amo minha profissão. É a melhor carreira do mundo porque tenho a liberdade de escrever, ser entendida ou criticada e, mesmo assim ser paga pelo que gosto de fazer. E defendo-a onde quer que esteja, seja dentro da sala de aula ou numa conversa entre amigos, mesmo estando completamente arrasada com essa decisão obscena, mesmo me sentindo lesada e mesmo me sentindo completamente e talvez irremediavelmente abatida e desapontada com o rumo da minha profissão e deste país.
Portanto, antes poucos que nenhum. Quando não houver mais nenhum jornalista para lutar pela categoria, aí sim, poderemos jogar nossos diplomas no lixo.
Assim que puder, estarei presente numa reunião. E quanto à divulgação, já estou fazendo a minha parte.
Abraços da colega de profissão,

Patríciah DeMoura



FENAJ orienta novos movimentos na luta em defesa do jornalismo de qualidade
Nesta segunda-feira (22/6), o presidente da FENAJ, Sérgio Murillo de Andrade, encaminhou, em nome da Executiva da Federação, documento aos dirigentes dos 31 sindicatos de jornalistas, diretoria da entidade e Comissão Nacional de Ética com orientações sobre procedimentos após a decisão do Supremo Tribunal Federal de extinguir a exigência do diploma para o exercício da profissão.

O documento registra que a regulamentação profissional não foi totalmente derrubada, que o ensino de Jornalismo não foi extinto e que cabe ao Estado definir regras de concursos públicos para assessorias de imprensa.No documento, Murillo informa que haverá reunião da FENAJ com seus sindicatos filiados no dia 17 de julho, em São Paulo, para avaliar a situação atual e definir ações conjuntas.

Veja a íntegra do documento a seguir.
Carta Aberta aos Presidentes e dirigentes dos Sindicatos de Jornalistas
Aos Diretores da FENAJ e Membros da Comissão Nacional de Ética


Companheiros(as): É natural a tristeza e o abatimento. Eu mesmo vi isso no espelho e nos rostos de vários de vocês naquela noite e no dia seguinte. Afinal, fomos violentados no que nos é mais caro: a dignidade. Fomos ultrajados e humilhados, em escala nacional. Apesar de toda indignação e sentimento de impotência, mais do que nunca é preciso seguir em frente. Temos a obrigação de não desistir, pela memória de gerações de jornalistas que nos antecederam e dedicaram vidas inteiras à construção de uma profissão e, principalmente, pelos milhares de estudantes de jornalismo em todo Brasil que estão, neste momento, com razão, muito mais assustados, perplexos e inseguros sobre seu futuro profissional.Conscientes destes compromissos, a Executiva da FENAJ tomou várias ações e presta os seguintes esclarecimentos e orientações:

1. A Direção da FENAJ e os presidentes dos 31 Sindicatos filiados reúnem-se, em São Paulo, dia 17 de julho, para avaliar a situação e combinar ações conjuntas. A reunião antecede o Seminário dos Jornalistas sobre a Conferência Nacional de Comunicação, dias 18 e 19, também em São Paulo.

2. Embora seja necessária a publicação do acórdão, a Executiva da Federação já tomou as providências necessárias para apresentar embargos, se houver omissões e, principalmente, excessos.

3. O Supremo Tribunal Federal (STF) tornou sem efeito legal somente o inciso V do artigo 4º do Decreto-Lei 972/69, que exigia a apresentação de diploma. Todos os demais artigos da regulamentação, apesar das declarações públicas do ministro presidente do STF, continuam em vigor.

4. Até novas orientações da FENAJ, os Sindicatos filiados devem manter rigorosamente os mesmos procedimentos na emissão de cédulas de identidade e sindicalização.

5. A FENAJ já solicitou audiência com o Ministro do Trabalho e Emprego para discutir as novas regras para registro profissional. Sugerimos que os Sindicatos procurem imediatamente as SRTs solicitando a suspensão imediata da emissão de novos registros, que não sejam de diplomados, até a edição de uma portaria normatizando o processo.

6. O ensino de jornalismo não foi extinto, embora tenha recebido um duro golpe. A decisão do STF aponta para a barbárie no mercado, e só a atuação firme dos Sindicatos e o ensino com formação qualificada poderão reverter esse quadro. A FENAJ continuará acompanhando o trabalho da Comissão de Especialistas que, neste momento dedica-se à elaboração de novas diretrizes curriculares.

7. Pisos salariais, a jornada de cinco horas, acordos e convenções coletivas não foram, embora as empresas sonhem com isso, objeto de discussão nesse julgamento. FENAJ e Sindicatos devem continuar denunciando e resistindo a todas as iniciativas de precarização e arrocho salarial da categoria.

8. Também não se alteram as regras de concursos públicos para assessoria de imprensa. O Estado tem a competência para definir as qualificações necessárias para as carreiras públicas. Se quiser, inclusive, além da graduação, pode exigir especializações, mestrados e doutorados.

9. A FENAJ está recebendo diversas manifestações de solidariedades de parlamentares de vários partidos políticos. Vamos propor a criação de uma Frente Parlamentar suprapartidária de defesa do Jornalismo e dos jornalistas e encontrar, no Congresso Nacional, o espaço adequado e usurpado pelo STF, a solução institucional para garantir direitos da nossa categoria.

10. Devemos todos, profissionais e estudantes, seguir protestando de todas as formas e em todos os momentos. É fundamental buscar o apoio de movimentos sociais, entidades como a ABI e OAB, políticos e, até mesmo, setores do judiciário inconformados com essa violência contra os jornalistas e a democracia.

11. Devemos também manter o alerta para a ameaça que o presidente do STF tem insistido em fazer contra regulamentações profissionais de outras categorias e, por tabela, contra a própria educação superior do país.

12. Por último, é muito importante denunciar o descaso e a irresponsabilidade do ministro presidente do STF, mas não podemos jamais esquecer que os principais responsáveis por essa agressão são os poderosos donos da mídia da Folha de S. Paulo, da Globo, do Estadão, da Veja, do Liberal, do Diário do Nordeste, da RBS...É claro que a intenção do baronato da mídia e de seus aliados no STF é nos tornar menores. Mas vamos, juntos, provar que sairemos maiores dessa crise. Se alguns resistem com a proteção natural do couro de crocodilo, vamos mostrar que nossa couraça é de aço, forjada na luta. Fomos provocados e desafiados. Não temos, agora, o direito à dúvida e à hesitação. Somente os que têm a ousadia de lutar, conquistam o supremo direito de vencer. Como na letra da canção, lembro que "se muito vale o já feito, mais vale o que será."

Queridos e queridas companheiros e companheiras,

Mais uma vez, vamos à luta!

Sérgio Murillo de Andrade
Presidente, com muito orgulho, da FENAJ


Fim do Diploma/Desregulamentação da Profissão: Jornalistas voltam a se reunir
Jornalistas, estudantes, professores e representantes da sociedade voltam a se reunir amanhã (terça-feira, 30) na sede da Regional Sorocaba do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo para discutir o encaminhamento da reação ao fim da exigência do diploma para o exercício da profissão.
Nos dois primeiros encontros realizados, foi definida a criação de uma frente regional, de caráter suprapartidário, para tratar do assunto.
O encontro será realizado a partir das 19h30, na sede da entidade que fica à rua Cesário Mota nº 482. Outras informações pelo telefone (15) 3342.8678.
Informação com responsabilidade, qualidade e ética
Pela exigência do diploma
Jornalismo é coisa muito séria.
Essa bandeira também é sua.
José Antonio S. Rosa
Diretor Regional do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo


A partir das reuniões que estão sendo feitas para discutir questões relacionadas a decisão do Supremo quanto a desobrigatoriedade do diploma de Jornalismo, a comissão dos estudantes composta por Ana Luiza Schifflers, Felipe Alves, Jonatas Rosa e Mariana Rossi criou um blog (
www.pelodiploma.blogspot.com ) para alimentar com notícias, opiniões e informações sobre o assunto para que todos fiquem por dentro do que está acontecendo.Foi criada também uma comunidade no orkut que se chama : PELO DIPLOMA DE JORNALISMO ( http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=91579897 ) onde também pretendem fazer uma massante mobilização para que as pessoas entendam o que essa decisão vai mudar no cenário jornalístico nacional e até mesmo reunir os profissionais da área de jornalismo, para que se juntem a essa luta que também é deles.Por fim, gostaria que todos colaborassem, mesmo que fosse para divulgar, pois o momento é de união, para que seja feita a força. Tenho certeza que um pouco de barulho de nós, jornalistas por formação (ou se formando) tenha algum retorno. (Ana Luiza Schifflers)



Grupo propõe volta do estágio de jornalismo
Comissão vai sugerir mudanças nas diretrizes curriculares do curso
Lisandra Paraguassú, BRASÍLIA (
http://www.estadao. com.br/estadaode hoje/20090701/ not_imp395763, 0.php)

Apesar do fim da obrigatoriedade do diploma, os candidatos a jornalistas que se interessarem por passar pela faculdade terão que estudar mais. A comissão que analisa as mudanças nas diretrizes curriculares do curso vai propor um aumento da carga horária das atuais 2.700 horas-aula para 3.200 horas-aula. Além disso, deverá voltar a permissão para a realização de estágio em redações, proibida desde a década de 70.

E o curso de Jornalismo pode sair dos departamentos de Comunicação das universidades. A comissão, que deverá entregar na próxima semana o relatório para o ministro da Educação, Fernando Haddad, pretende encorpar a formação dos jornalistas, independentemente da exigência ou não do diploma. Por ter esperado a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que declarou nula a obrigatoriedade do diploma, os especialistas decidiram incentivar a criação de mestrados profissionais em jornalismo. "Isso permitiria a pessoas (com diploma) em outras áreas ter também a formação de jornalista. A comissão entende que há uma complexidade na área que exige formação específica", disse o professor Eduardo Meditsch, coordenador do mestrado em Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina e um dos membros da comissão.

A graduação também deverá ser mais complexa. A ampliação da carga horária será proposta para abranger não só as disciplinas regulares, mas mais 200 horas de estágio e algo mais para ser dedicado a outras atividades, como participação em congressos, em atividades de extensão, pesquisas e disciplinas cursadas em outras áreas.

A própria formatação da graduação deverá sofrer alterações. Uma das ideias centrais da comissão é a necessidade de tirar o Jornalismo da área da Comunicação Social. Hoje, um graduado na área recebe o título de bacharel em Comunicação, habilitação Jornalismo.Com isso, o Jornalismo passaria a ter diretrizes independentes, mais focadas na área.

Um comentário:

Ana Brambilla disse...

Oi! Legal teres citado nosso manifesto! O link para ele é esse aqui: http://www.scribd.com/doc/17007333/Manifesto-Docentes-Diploma