quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Diário de Patrícia - parte 7 - Freak and Maniac

Ontem à noite tive uma conversa muito franca com a Tuna.
Pra quem não sabe, Tuna não é um peixe de estimação. É minha MELHOR amiga. Minha irmã e companheira pra todas as horas. E não é meu affair! hehehe
Bruna. Confesso que não gosto muito desse nome no gênero masculino. Porém, de masculina Bruna "Tuna" não tem nada: é bem feminina, graciosa, inteligentíssima e um tanto grande. Tem um coração de ouro. Um tesouro que encontrei naquela porcaria de faculdade.
Pois bem, voltemos à conversa. No princípio do bate-papo, não estava muito a fim de conversa fiada. Mas aos pouquinhos, Tuna foi tirando de mim o que eu não queria confessar. Nem mesmo para mim. Confesso agora: sou muito ingênua. Acredito nas situações e nas pessoas. E sempre me estrepo.
Eis aqui um poema de Carlos Drummond de Andrade que reflete isso com toda sua ironia:

Amor é bicho instruído
Olha: o amor pulou o muro
o amor subiu na árvore
em tempo de se estrepar.
Pronto, o amor se estrepou.
Daqui estou vendo o sangue
que escorre do corpo andrógino.
Essa ferida, meu bem
às vezes não sara nunca
às vezes sara amanhã.

Pois é. Acho que me estrepei de novo...E bonito. I over reacted! Porém, devido minha atual situação profissional e financeira, isso é o menor dos detalhes. Sinto apenas um vazio. Uma vontade de estar junto que nunca senti em meus 33 anos de vida (inútil??)
Estou mal sim. Mas não é o coração que está em óbito (ainda...). É a alma. É o sentimento de fracasso ao acordar e perceber que nada do que você realizou foi creditado em sua conta. Pelo contrário. Débitos e contas hospitalares se acumulam e a alma vai definhando. Se curvando. Até perceber que não há mais buraco para cavar e se enterrar. Nussa! Que depressivo...
O que eu quero dizer mesmo é que tenho raiva de mim. Da minha ingenuidade. Tenho raiva de mim ao acreditar nas pessoas e nos seus sentimentos nobres (se é que um dia tiveram...). Isso me faz lembrar da minha infância (e isso ficou marcado para sempre, traumatizou): uma tia muiiiiito carola, frequentadora assídua das missas, que sempre desprezava suas outras sobrinhas em detrimento de uma. Ela oferecia balas e chocolates somente à minha irmã mais nova, como se não estivéssemos ali. Ela comprava, escondido de minha mãe e chamava minha irmãzinha para a casa dela (nussa, lembrei agora da imagem do lobo mau atraindo a chapeuzinho vermelho). Mas graças a essa tia, hoje, no auge dos meus 33 anos, tenho um corpinho de dar inveja a muitas meninas de 15, 16 anos! Modessssssta....
Enfim, o que eu quero dizer é que as pessoas nem sempre fazem isso de propósito (quero crer que não), mas existem aquelas que fazem conscientemente. Que adoram te ver pra baixo e sentem prazer com seu sofrimento. Dessas, eu quero distância. Mas pior mesmo, são aquelas pessoas que não se manifestam. Que te deixam no limbo. Sem reação.
Sempre me questionei: se há tanta gente boa no mundo, porque tanta guerra, fome, miséria, sofrimento...? Até que o Mateus me disse uma frase (acho que) do Luther King: o que me preocupa não é o grito dos maus e sim, o silêncio dos bons.
E isso me preocupa em todos os sentidos: seja porque seu love não respondeu suas mensagens porque estava sem tempo, seja porque você não obteve a resposta da vaga de emprego mesmo sabendo que você era a mais preparada, seja porque você faz tudo para todos e não tem reciprocidade, seja porque você sempre enfrentou a barra sozinha e as pessoas fingem que não percebem seus problemas com medo de ter que ajudar, seja porque a pessoa que você espera uma ligação no meio do dia não a fez porque tinha que descansar ou estudar, seja porque a vida foi cruel com você e agora você quer descontar nos outros o que sofreu, seja porque ele é o dono e próprio otário e você um reles funcionário... enfim... NADA JUSTIFICA.
Não justifica ter que aceitar essas situações. Não justifica não ter tempo para quem você ama. Desculpa nenhuma justifica a omissão. Nem mesmo a falta de desculpas...
E é por tudo isso que termino esse post assim: nós sempre teremos tempo para os outros. Sempre. Tuna e eu seremos sempre as otárias que se desdobram pelos outros e que nunca têm reconhecimento, nem mesmo de sua família e de seus amores...

Um comentário:

Ana Luz disse...

devo dizer q infelizmente ingenuidade hoje em dia é um defeito e não uma honra como era antigamente. somos feitos de idiota pelos "espertos" e acabamos sofrendo sempre por isso!!! a unica coisa boa é que felizmente temos amigos para despencar, conversar e nos levantar, alguns até mesmo que já levaram o mesmo tombo que o nosso! e agradeça pq vc tem esses amigos!!e eh cercada deles!!
nao vou falar que essas coisas acontecem pq vc sabe mto bem disso e nao eh o q vc qr e precisa ouvir nesse momento!!
fazia tempo que eu nao entrava no blog e não sei se propositalmente ou não, você sabe que pode contar cmgo!!!!=D
faremos entao a alegria da paty!!!

e uma frase que o bruno me lembrou esses dias que estava cabisbaixa:

"eu sinto que sei que sou um tanto bem maior"

vc eh maior!!!(em um sentido)!!!e melhor!!!!

amo mto vc!!!mto mesmo!!!qro te ver sorrir sempre!!!=D