quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Fique comigo...

Um texto atribuído a Arnaldo Jabor conta da solidão que nos afeta neste século e da necessidade de estarmos com alguém, amando.
Pois bem. Concordo em gênero, número e grau: estamos todos cada vez mais sozinhos.
Eu, por exemplo. Vivo rodeada de amigos. Meu apê é uma festa todos os dias (minha vizinha de baixo não pode ler isso de jeiiiito nenhum), meus amigos estão sempre em casa seja pra uma boa conversa, seja pra botar a fofoca em dia, seja pra uma cerveja – ou duas, ou três. Mesmo assim, me sinto completamente sozinha. E é uma solidão que vem da alma.
Fiz tratamento com homeopatia por causa de uma rinite que não sarava nunca quando morava em Itapê. E meu médico sempre dizia: de onde vem essa tristeza da sua alma? Eu não sabia e ainda não sei responder...
Eu saio para as baladas e vejo que as pessoas estão cada vez mais endinheiradas e, sozinhas. Não importa a classe social. Se saem acompanhadas é apenas por uma noite.
O sucesso profissional é outro fator agravante. As pessoas estão cada vez mais focadas em suas carreiras e quando percebem, o tempo passou.
Jabor disse que estamos com carência de passear de mãos dadas, em dar e receber carinho sem, necessariamente, ter que depois mostrar performances sexuais dignas de um atleta olímpico. Concordo. É tão gostoso apenas dormir abraçados, acordar no meio da tarde e tomar um brunch e conversar sobre amenidades com quem se gosta de verdade. Sem cobranças. Sem medos. Coisas simples que fazem da nossa vida, uma passagem mais leve neste mundo da evolução pela evolução. Estamos retardando o envelhecimento, aumentando a expectativa de vida e diminuindo nossas experiências com outras pessoas. O sentir está tão distante de nós...
Não estou infeliz. Nem tampouco tendo um surto de depressão ou de breguice. Só estou tentando dizer o que deveria ter tido, mas que me dá um medo tamanho que evito para não correr o risco de perder aquele alguém que talvez nunca tenha tido realmente. E por que? Por falta de tempo? Por falta de comunicação? Pela distância?
Eu não nasci para ser sozinha. Não nasci para estar sozinha. Quero compartilhar. E aprender também. Quero noites com sol!
Espero que não tenha passado a imagem de uma solteirona à procura de amor. Não sou assim. Só estou assistindo de camarote o que milhares de pessoas, assim como eu, que colocam em primeiro lugar no ranking da felicidade, a sua carreira.
Todo mundo quer ter alguém hoje em dia. Mas são poucos os que concordam. E muitos os que buscam. Mesmo assim, os relacionamentos estão ficando cada vez mais superficiais.
A vida é feita de momentos. Mas a minha vida está tendo momentos fragmentados. Eu não consigo juntar as peças desse relacionamento. Estou errando? Mas não sei onde... Se penso em ligar, acabo desistindo. Acredito que estaria pressionando demais. Se não ligo, posso passar a imagem de que não estou querendo nada mais... Ai que situação! Pior é ficar no limbo, sem notícias, sem saber se haverá um retorno, se haverá uma – ou várias – próxima vez...
Estou aqui sentada em frente ao PC rindo de mim! Quanta besteira... Mas aposto que outras milhares de pessoas estão sentindo esse vazio também...Portanto, não é pieguice achar que se sentir só é brega. Estamos vivendo a era da informalidade, onde ninguém é de ninguém. Onde as mulheres confundiram liberdade com libertinagem e os homens, espertos que são, estão aproveitando horrores.
Mas eu não quero relacionamentos fúteis. Não quero ter um por noite. Não sou esse tipo de pessoa. Eu quero alguém que fique...
Será que está faltando coragem de minha parte? Se for isso aqui vai: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida".
Eu fiz a minha parte. Que tal você fazer a sua??

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